Música não é apenas som: é som e intenção. É uma forma de externar ideias humanas, de forma mais sofisticada que por gestos e falas simples, porque exige algum nível técnico, que não nasce conosco e deve ser aprendido/aperfeiçoado. Ainda assim, é expressão de intenções e impressões, por isso, podemos pensar na música ocupando os mais diversos espaços, não apenas o das ondas do rádio ou plataformas de streaming: onde houver pessoas, haverá espaço para a música.

Pensando nessa direção, procuro levar minhas ideias a todo tipo de espaço, sem limitar horizontes. Assim, considero interessante "desmembrar" minha obra e disponibilizá-la como possibilidades de novos ângulos de visão. Esse foi o sentido que busquei ao disponibilizar toda a discografia do Distintivo Blue em versões "Shut Up!", ou seja: sem a presença da minha "voz chata e rinitente" (adaptando o verso de Raul à minha eterna companheira, a rinite 😂), permitindo aos acordes e timbres darem seus próprios recados, ou o caminho oposto, quando publiquei algumas das minhas letras em um livro de poemas coletivo, em várias edições da minha zine BLUEZinada! ou a mais recente, quando publiquei a letra de 2012, Miopia no jornal do Centro Acadêmico do curso de Direito da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

Desta vez a publicação foi da letra de A Onda, ainda não gravada, na Revista Marginal, revista do Centro Acadêmico do curso de História, também da UESB, que aceita submissões de artigos e poesias, dentro da temática de cada edição. Considero muito importante inserir a música em um ambiente aparentemente (e falsamente) inadequado, porque isso fortalece a todos: a mensagem em si, que será lida por pessoas que talvez não a conheceriam por outra forma, a academia, que se encontra com a arte de forma pura, e não apenas como objeto de análise ou documento, o artista, que passa a se atentar a mais possibilidades de ação (e são poucos os artistas que se aventuram nesses ambientes), e à comunidade, que é a verdadeira "proprietária" de todo esse universo e pode incorporá-la ao seu cotidiano como bem entender. Confira aqui o resumo explicativo da composição:

Em alusão ao famoso experimento social Terceira Onda (EUA, 1967) e continuando a crítica iniciada pela composição 2012, Miopia, gravada e publicada em 2013 pela banda Distintivo Blue (Vitória da Conquista-BA), o autor registra, em versos, fatos marcantes acontecidos durante a pandemia de COVID-19 (2020-22), bem como critica a enorme onda de discursos de ódio e autoritarismo potencializada pelas redes sociais no período, constituindo, bem como a obra originária, de uma década atrás, em um “retrato poético” deste momento histórico, sob um ângulo particular.

 A versão de estúdio de A Onda está em fase de gravação. Logo logo se juntará à discografia, em todas as plataformas. Por enquanto, confira a íntegra da revista clicando AQUI. A letra está nas páginas finais.

Plácido Oliveira